É inevitável para mim, falar da nova versão do Google Analytics (GA), sem lembrar do meu início de carreira, quando tive contato com as primeiras versões da ferramenta. Eu ainda fazia cálculos de hits “na mão”, como comentei no meu primeiro artigo nesse blog.
O GA foi uma grande descoberta para muitos profissionais. Foi a possibilidade de sair da contagem manual, pouco amigável, para o sistema que o mundo todo utilizou nos anos seguintes.
Ele acabou se tornando uma das ferramentas mais importantes para quem trabalha com marketing digital. Guarda a história do site, em forma de números e informações. Quer saber a história digital de um negócio? Olhe para o Google Analytics.
Lembro da palestra de um engenheiro do Google, que comentou que o GA tinha sido construído para possibilitar pequenos negócios, que não tinham verba para investir em ferramentas de web analytics. E foi assim por muitos anos.
A verdade é que, em quase 20 anos de carreira, a quantidade de clientes que eu tive usando a versão free da ferramenta, sempre foi maior que os que usaram a versão paga.
Será que isso vai mudar no Google Analytics 4?
O que é o Google Analytics?
É uma das melhores ferramentas de web analytics que eu tive contato. Ele permite que você meça todo o fluxo de dados no seu site, como: a interação de usuários, quantos retornaram, número de conversões, de onde as pessoas estão vindo, páginas mais visitadas, enfim, uma série de números que podem ajudar o analista de business intelligence a entender o que está acontecendo com o negócio na internet.
Eu, por exemplo, nas análises preditivas que faço, sempre tenho como base as séries temporais captadas pelo GA.
O Google Analytics foi construído baseado no Urchin, adquirido pelo Google por volta de 2005. Desde então a empresa evoluiu a ferramenta em termos de usabilidade, métodos de coleta de dados, indicadores, informações, inclusive integrando ela com outros sistemas como o Google Ads, Google Search Console, dentre outros.
Passou por diversas atualizações. A mais marcante para mim, foi em 2011, quando implantaram o tal not provided nas origens de tráfego. Pararam de mostrar as palavras-chave oriundas de algumas pesquisas, o que impactou diretamente o trabalho de SEO que eu fazia na época para alguns de meus clientes. Para muitos analistas da área, foi um retrocesso.
Outra atualização importante foi o próprio Universal Analytics, que começou a ser liberado por volta de 2013.
O Google Analytics 4
O Google Analytics 4 é a nova versão da ferramenta de web analytics do Google. O GA4 já é padrão para novas propriedades. Mesmo assim, ainda é possível configurar o Universal Analytics, mas infelizmente essa instalação “morre” ano que vem (julho de 2023).
A principal diferença, notada por muitos analistas, entre GA Universal e GA4 é que a nova versão já tem por padrão a mensuração de web e aplicativos em uma só propriedade.
Há priorização da análise de jornada omnichannel. O que é compatível com nossos dias atuais, afinal, o usuário navegação de forma não linear, por diversos dispositivos, sistemas, até a conclusão de sua meta.
Outra característica notável é sua usabilidade que está diferente.
Você consegue encontrar algumas das informações da versão anterior, só que em locais diferentes, por exemplo: o menu Página Inicial, você encontra como primeira opção ainda; tempo real, que era um menu bem visível na versão antiga, agora está dentro do menu relatórios, onde é necessário clicar para entrar; em Aquisição, você não tem mais as informações que tinha por padrão, de visitas pagas, orgânicas, etc, houve uma mudança grande ali.
Outro ponto que chama a atenção é a não existência de vistas, pelo menos não até a conclusão desse artigo.
A impressão que tenho é que estão querendo tornar o GA4 um centralizador de dados e jogar, cada vez mais para o Google Data Studio, a elaboração de relatórios para análise.
Através dele é possível divisão de perfis, datas, entre outros parâmetros importantes, que antes você podia fazer facilmente (ou já vinha pronto), no Google Analytics.
Há algumas vantagens bem importantes nessa versão, como: abordagens significativas centradas em regulamentações e políticas de privacidade; anonimização de IPs por padrão; uma visão mais ampla do usuário (aplicativos e sites); e maior capacidade de inteligência preditiva em seus insights.
Base de eventos e parâmetros.
Algo importante é que no Google Analytics 4, tudo é baseado em eventos e parâmetros. Um pouco diferente do modelo anterior.
Ele já vem com alguns eventos pré configurados como:
page_view — ajuda a captar métricas de visualizações de página, é ativado sempre que a página é carregada;
session_start — ativado no início da sessão, quando o usuário começa a interagir com ou site ou aplicativo;
user_engagement — uma das principais mudanças é a medição de engajamento do usuário, explicarei mais a seguir. Nesse caso esse evento é ativado quando o site ou aplicativo está em foco para o usuário;
first_visit — é ativado sempre que o usuário abre o site ou aplicativo pela primeira vez;
click — sempre que é aberto um link externo;
scroll — para medir a rolagem da tela até o final.
(Veja aqui a lista de todos os eventos)
Para obter alguns indicadores é necessária a implementação manual (personalizada) de outros eventos.
O novo GA identifica dispositivo e não usuário, e você precisa dos eventos e seus parâmetros para poder montar suas análises.
Há um limite, nessa nova versão, de 500 eventos. Creio que pode ser a forma de forçar a compra da versão paga do Google Analytics.
Novas métricas focadas na experiência do usuário.
Com o passar do tempo o Google Analytics vem evoluindo muito no sentido de explorar novas formas de visualizações, métricas, entre outras características que ajudaram, e muito, analistas de diversos setores a entenderem o que estava acontecendo no negócio online de seus clientes. Posso dizer que fui um privilegiado em assistir algumas dessas mudanças.
Nessa nova versão, temos algumas métricas interessantes que levam a entender a importância crescente que o Google dá para a experiência do usuário. Por exemplo: o tempo médio de engajamento, que é o tempo de interação médio que está com o site ou aplicativo aberto, no período selecionado; sessões engajadas por usuário, a média de sessões do usuário que está com o site ou aplicativo aberto; dentre outras.
Ou seja, é possível perceber, como essa preocupação será constante.
Concluindo, o que achei da nova versão?
Há uma diferença de usabilidade grande. Sobretudo, de mentalidade de utilização e configuração. É inegável que analistas mais experientes acostumados com outro tipo de experiência e padrão de elementos podem sentir algumas dificuldades, afinal, com o GA4 você precisa “configurar suas coisas”. Através do menu Explorações é possível fazer várias customizações interessantes.
O tempo de setup da ferramenta que antes durava no pouco tempo, pode passar a levar algumas horas entre instalação, configuração de alguns eventos, relatórios, etc.
Certamente será mais fácil criar e visualizar alguns relatórios através do Google Data Studio.
Fico curioso sobre o que irá acontecer com o Google Analytics 4. Já ouvi pessoas elogiando, mas também algumas criticando, principalmente aquelas que não tem muito conhecimento técnico e dependem da ferramenta para assistir os fluxos de campanhas de seus negócios.
O fato é que, o GA mudou e o Universal, tem data para acabar. Embora o prazo seja razoável (pensando na data desse artigo), recomendo a todos que já façam a configuração da nova versão e “fucem” nos seus menus e funcionalidades.